Sou da cidade, sempre
fui. Sempre me senti mais confortável numa esplanada, com os amigos, passar
horas sentada a conversar, ou então no aconchego do sofá a ver um filme, mesmo
nos dias de grande calor. Habituei-me a um estilo de vida citadino, onde é
pouco provável ser mordida por uma aranha, um mosquito, onde não tenho que
preocupar com os pólenes, que me atormentam, e claro, um local onde posso
praticar o meu adorável sedentarismo. Pego no carro e pronto, estou lá. E
sempre achei que chegava. Mas às vezes a vida muda de repente, muda, e muda, e
volta a mudar. E ainda bem, abre os horizontes, mostra-nos que há muito mais no
mundo para ver do que aquilo que achamos que é suficiente para nos manter
satisfeitos. Cria uma enorme vontade de experimentar coisas novas e de mudar. E
foi umas semanas antes da aventura que vos vou falar, que ouvi comentar que
iria haver uma caminhada, de alguns km, demais até para o que achava ser capaz,
e que me chamou a atenção, e pensei: porque não? Vamos lá. A companhia
agradava-me, e sabia que de qualquer das formas, mesmo que a caminhada não
fosse o esperado, haveria de gostar e de me divertir.
E chegou o dia.
Sentia aquele ansioso bom. Convidei uma grande amiga da faculdade, e lá saímos
de Braga às oito da manhã. Chegamos a Soajo, Arcos de Valdevez e já estavam
todos à nossa espera, tudo a ganhar energia com o chocolatinho e o café.
Estavam animados, bem dispostos, tudo já com vontade de começar. Já estava tudo
preparado, e ainda bem, assim não tive que trabalhar eheh. Fogão, arcas
frigoríficas, panelas, tudo na mala. E lá saímos, 3 carros cheios, prontos para
a aventura.
Chegamos a
Lourido. Muito bonito, uma aldeia
pequenina. O meu tio Luís, o nosso guia privado, decidiu que íamos começar ali.
Estacionamos os carros e lá saímos. E mesmo antes de começar, deu-me a fome.
Sim, gosto de ser diferente e não comi antes como os outros, que burrinha.
Barrinha de cereais? diz o meu pai. Não, queria pão. E fez-se luz. Não se tinha
comprado pão!!! Ainda bem que gosto de ser do contra. Salvei o dia! E lá se foi
comprar numa mercearia pequenina em Lourido. E pronto, tudo pronto. Vamos lá .
Tiramos uma fotografia de grupo e começamos a caminhar. Ainda há poucos minutos
a caminhar e já me sentia bem. Sempre a par com a minha Sofia, íamos
conversando e saboreando a paisagem, os animais, cavalos, cabrinhas,
passarinhos. E claro, sempre a tirar fotografias. Era um crime não mostrar o
paraíso em que estávamos nas redes sociais ( ups, difícil largar o bichinho da
cidade, e das tecnologias). E foi nesta primeira fase que aconteceu o primeiro
episódio engraçado que é digno de ser contado. Eu e a minha amiga, chegamos a
uma altura em que o caminho estava cortado por um portão, estava fechado, e na
nossa cabeça tínhamos que o trepar. E lá o fizemos, com algum esforço e muita
satisfação de o ter conseguido. E foi uma risota quando ouvimos ao fundo “E
abrir o portão não??’ Foi um momento cómico, que vai ficar marcado, mesmo em
fotografia.
E lá seguimos
caminho. Começamos a subir… A frequência cardíaca aumenta, começa o calor, o
suor, e a vontade de parar. “Parar é morrer”, há quem diga, então lá
aguentamos. E foi aí que cada um seguiu ao seu ritmo. E ao longo de toda a
viagem, com picos de cansaço e picos de energia, lá nos íamos encontrando, e
com cada pessoa havia um momento, uma história, uma partilha. Que bom que é
caminhar.
E pronto, lá chegamos à primeira paragem :
Ermida. Um largo pequeno, com um pelourinho, uma igreja, e um pequeno café
aberto. E foi no muro baixinho da igreja que fizemos o lanche da manhã. Pão com
queijo, com chouriço grelhado na hora com aguardente, um petisco de sardinhas
com couve flor, e claro, vinho branco. Esse acabou depressa. Estivemos na
conversa mais que uma hora, tomamos um cafezinho e continuamos o percurso até
Chá do Couto. Lindíssimo o caminho até lá, saborear o verde, observar os
animais… que luxo.
Bem, chegamos a Chá do Couto, onde já tínhamos o cozinheiro
à nossa espera. E começou-se a fazer o almoço, todos os homens à volta da
panela, se calhar para dizerem que também ajudaram eheh, e nós as senhoras
seguimos o lema criado por nós “ No monte as mulheres não trabalham”. E
começamos a almoçar, já deviam ser quase três da tarde, uma massa à Lavrador,
que delícia. Cheirava tão bem, aspecto óptimo. Via-se o vapor a sair do prato,
que fome!!!! O cozinheiro é de qualidade!! E para beber? Cerveja , e Vinho. E
não é que houve um engano e se levou um garrafão de vinho do Porto, em vez de
vinho tinto?!? Ai Querubim! Mas não há problema, dá para aperitivo. E o Carlos
salvou-nos! 4 garrafas no carro já deu para matar a sede. Eu fiquei pela
coca-cola, vinho tinto não é para mim.
Foi uma festa, um convívio espetacular!
Sentia um bem estar inexplicável. E chegou a hora de voltar. Mas já voltamos de
carro. Estavamos 13kms de Soajo. Paramos no restaurante LindoVerde, onde experimentamos todos os licores possíveis e imaginários que lá existiam, e
deixamos os homens lá enquanto voltamos a Soajo para ir buscar os bikinis e
toalhas, para podermos terminar o dia da melhor maneira possível. Será que era
seguro deixá-los lá?? Não tínhamos bem a certeza mas arriscamos, quando
voltamos estavam sentados no mesmo sítio, muito felizes, devem ter ficado pela
água eehehe!
E partimos para Ourense, os Baños. Àguas
termais, a escaldar, já passavam das oito da noite quando chegamos. Era
novidade para muitos, ficaram surpreendidos e maravilhados com o que a natureza
tem para nos oferecer. Perfeito. Céu estrelado. Perfeito. Som das rãs. Paraíso.
E já passava das onze e voltamos para o nosso
querido Portugal, onde estava um cabrito caseiro à nossa espera. Jantamos,
convivemos mais um pouco, recordamos o dia, comemoramos e brindamos à amizade.
E a
verdade é que a meio do jantar reflecti. Que bom é sair do conforto do sofá,
que bom é perder o medo e experimentar. Que bom é conviver, conhecer pessoas
novas. Que bom que é viver. Sentia um bem estar , uma paz de espírito, uma
gratidão. Obrigada, obrigada, obrigada. De facto, quem não arrisca não petisca.
(Ana Sofia)
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A cambada toda... |
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Ó micas, que raio de cabras são estas lá fora? Não sei...não fazem "mééé"...algumas têm barba, mas apenas duas patas! |
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Fecha a cancela...faz corrente de ar! |
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Que seita! |
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Eu acho que sim....Eu acho que não! |
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Moisés caminha acompanhado pela Serra Amarela... |
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Ri-te! Sorriso pepsodente! |
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Humm...conheço esta imagem!!! |
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Ups....senti algo!!! |
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De onde saiu esta gente tão parola? |
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Quem? Eu? |
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Como? A garrafa foi toda!? |
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Foi? Não acredito.... |
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Passa para cá..ainda tem um cadinho para mim... |
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Foge...que sede temos! |
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