Andar a pé, Caminhar, ir .... não ficar!

Algumas das coisas que se vão vivendo...

sábado, junho 29, 2013

Os sentidos do Soajo


15 pessoas, juntam-se em 3 carros -  às 7 da manha - para conduzir para Norte. Ninguém sabe muito bem para onde vai, tirando os que pensam que sabem, que são os que, de facto, sabem menos.
O plano tinha sido traçado por telefone e por e-mail, com o objectivo de agrupar os habituais jovens citadinos que se sentem preparados para ganhar o título de caminhantes de montanha, e que usam o verde e o ar limpo como tábua de salvação da vida a 120 km/h. 
Que plano? Caminhar pela serra do Soajo, que se esperava – à semelhança das até aqui conhecidas – sulcada por corta fogos largos, mato arejado e um rio que nos emprestasse frescura para adorar o rei Sol. Mas ao plano tinha Mestre e na sua cabeça do  era muito diferente daquele que os seus executantes tinham na sua
Quando ficaram cara a cara – o mestre e os que iam implementar o seu plano – o estudo era mútuo, e o tom trocista e juvenil de um homem com ar rijo punha de pé atrás todos aqueles que achavam já ter visto tudo e sido iluminados pelo holofote da modernidade. Teve que ser: pessoas que tinham em comum o conhecimento de um número de telefone e uma referência puseram o traço de um dias nas suas vidas nas mãos de um homem, para que daquele dia fizesse o que lhe apetecesse: e fez!

O Soajo é assim. A 5 ! Nenhum de nós se lembra só de o ver: ficou o cheiro – na roupa e na cabeça, ficou o gelo da àgua nos ossos e o inferno do calor na testa, ficaram os sulcos de pele cortada nos ombros e nas pernas, ficou o sabor de àgua na língua e o po da terra na garganta, ficou o barulho dos pes no ouvido e a voz da serra na memória.
Não seria nunca possível descrever o que quer que fosse: ainda que o que fosse fosse o verde, o alto, o fundo ou o profundo, a estreiteza do caminho ou a altivez da serra, o olhar do gado ou o verde da lagoa…
Podemos, quando muito – e cada um de nós – lembrar o quanto, naquele dia, no meio do nada, da exasperação, do desconforto, da urticária e da convivência com um medo pueril, nos sentimos a agarrar o verde como se fosse nosso e nós dele, como se os nossos tornozelos não tivessem osso e se conseguissem adaptar à forma da pedra, e, por fim, entender que o rio não cria erosão só nas pedras…. 
O tempo, que naquele dia foi nosso, vai continuar a ser do Soajo
E tudo isto sob o ar trocista e divertido e o plano de quem nos pôde ensinar como é viver assim:
Obrigado Luis

(André)

A seita: Ricardo, Emilia, Andre, Fonseca, Ramalho, Eva, Ze Luís, teresa, Pedro, Joana, João, Barbosa, Cristina, Luís
(em breve chegarão mais fotos)


Rota circular Soajo-Soajo